terça-feira, 14 de julho de 2009

Santificação: o Ideal Divino Para Uma Vida Vitoriosa

Por Pastor Sérgio Pereira

Quando lemos no livro de Josué a seguinte ordem divina: “santificai-vos, porque amanhã fará o Senhor maravilhas no meio de vós”; entendemos ser esta a solene condição dada pelo Senhor nosso Deus para a realização de seus propósitos abençoadores no meio do seu povo.
Santificar do hebraico qodesh, que envolve a idéia de separação ou frescor, em suas diversas formas e variações esta palavra é usada por mais de 830 vezes no Antigo Testamento, das quais 350 vezes somente no Pentateuco.
No grego temos a palavra agiosúne indicando qualquer objeto ou condição que desperta o respeito e a solenidade religiosa, bem como também o temor e a separação.
Quando falo em santificação me vem à mente quatro palavras que expressam profundamente o significado de uma vida firmada nos padrões da santidade, senão vejamos:
(1) Separação: fala-nos de por a parte, destacar; sendo exatamente isso que foi por Cristo, ou seja, Ele nos pôs a parte, destacando-nos para vivermos somente para Ele e em função d´Ele.
(2) Dedicação ou consagração: dando-nos a idéia de oferecer-se, dar-se, dispor-se a ser propriedade peculiar (particular) de Deus (Ex 19.5; I Sm 1.11). Cristo nos coloca a parte, mas oferecer-se a Ele é nossa responsabilidade.
(3) Serviço: a palavra santo expressa uma relação contratual para servir a Deus, nessa relação servir a Deus significa ser sacerdote. Observe o plano de Deus para com a nação de Israel como nação de sacerdotes e de igual modo descrevendo o Novo Israel, a Igreja como sacerdócio real (Ex 19.6; I Pe 2.9).
(4) Purificação: o que dá a idéia de limpeza. Observe que limpeza é uma condição de santidade, mas não a própria santidade, que é primeiramente separação e dedicação.
Infelizmente têm surgido nos tempos pós-modernos muitos falsos conceitos sobre santidade em nosso meio deturpando assim a verdadeira essência de uma vida santificada conforme os padrões bibliocêntricos. Dentre esses falsos conceitos destaco os seguintes:
(1) Perfeição ou erradicação: ensina que a natureza pecaminosa foi arrancada, e que o cristão passa por uma experiência que o deixa perfeito e sem pecado, o que é totalmente anti-bíblico.
(2) Legalismo: ensina que a santificação se consegue por meio da observância de regras e regulamentos, ou seja, que depende de nossas próprias obras, contrariando o privilégio da liberdade cristã (Gl 5.1). Convém destacar que na maioria das vezes, tais regras e regulamentos são frutos da Eisegese de pessoas que se auto denominam sábias, sem compromisso nenhum com a verdadeira interpretação da Palavra, criando regras que são simplesmente caprichos do ego e culto a própria personalidade (Cl 2.20-23).
(3) Antinomianismo: ensina que não importa a maneira que a pessoa viva, expressado nas formas modernas do liberalismo, o que Paulo contesta em Gálatas 5.13.
(4) Ascetismo: a santificação por meio de privações e sofrimentos.
Todavia, o que mais me intriga é a preocupação que alguém tem em se auto intitular conservador (legalismo) ou liberal, caindo em extremos distantes do padrão de santidade exposto pela Bíblia Sagrada. Esse parece ter sido o problema de duas das sete igrejas da Ásia nos tempos do apóstolo João. Se não vejamos:

I- O PERIGOSO CONSERVADORISMO DE ÉFESO (Ap 2.17-)
Éfeso era uma igreja laboriosa e perseverante (vs. 2,3), não suportava homens maus (vs. 2), colocava a prova os que se intitulavam apóstolos (vs. 2), suportava provas pelo nome do Senhor, não se deixando esmorecer (vs. 3), odiava os nicolaítas que ensinavam o amor livre (vs. 6), primando pela ortodoxia teológica onde tradição e misticismo não tinham vez entre eles. Todavia, enquanto o exterior parecia estar tudo em ordem, no interior lhes faltava a essência da vida cristã: o amor (vs. 4). Por isso, acabavam-se orgulhando do seu zelo doutrinário para manter as aparências, dando muito a obra de Deus e nada ao Deus da obra. Paulo diz que posso fazer todas as coisas, mas se não tiver amor eu me torno tão insuportável quanto um metal ou um sino que apenas faz barulho (I Co 13.1-13).

II- O PERNICIOSO LIBERALISMO DE LAODICÉIA (Ap 3.14-22)
Por sua vez, Laodicéia parecia estar embalada pela teologia da prosperidade (vs. 17). Possuíam ouro e prata em abundancia, mas o poder espiritual já se havia exaurido, pelo que restava ser vomitada pelo Senhor (vs. 16). O problema de Laodicéia não era simplesmente o mundanismo dentro da igreja, mas sim o secularismo, onde o objeto do amor de Laodicéia era ela própria (vs. 17). Secularismo vem do latim seculum, "pertence a uma época". Nos círculos religiosos recebe o sentido de "aquilo que pertence ao mundo de nosso tempo" e que não faz parte do que é sagrado ou espiritual. Em termos gerais, o secularismo envolve uma afirmação das realidades pertencentes a este mundo. É uma cosmovisão e um estilo de vida que se inclina par ao profano mais do que para o sagrado, para o natural mais do que para o sobrenatural. O secularismo é uma abordagem não-religiosa da vida individual e social. O secularismo nega e exclui Deus e o sobrenatural, e fixa-se naquilo que é humano e natural. Dessa forma, os valores morais e éticos vão sendo substituídos por aquilo que é de pouco ou nenhum valor para a alma e para o espírito. Se tinham tudo o que precisavam, porque se preocupar com padrões de santidade?
Por fim, observamos em toda a Bíblia Sagrada exemplos de vitórias, conquistas e bênçãos após a entrega em santidade efetuada pelo povo na sua coletividade ou na individualidade de uma pessoa ou uma família. Em Mateus 21.12-17 onde temos o relato da purificação do templo realizada por Jesus Cristo, vemos que após a purificação do lugar sagrado, os coxos e cegos adentraram o templo e foram curados por Jesus.
Na verdade prezado leitor hoje tudo está se tornando mais fácil, ser evangélico ou pertencer a uma igreja evangélica está na moda, pois tudo agora está sendo tolerado e permitido. O evangelho da porta larga e da facilitação está sendo pregado a cada dia por inescrupulosos homens sem compromisso com a verdade, interessados apenas na auto-promoção e no dinheiro de nossa gente, danificando de forma sutil a Igreja do Senhor Jesus Cristo. Estamos sendo levados pela doutrina do “não faz mal”, concordamos com a filosofia “venha como estás e permaneças como queres”; enquanto que a genuína mensagem do evangelho que enuncia transformação, mudança de caráter, de atos e atitudes, está sendo deixada de lado, pois não traz admiradores. A ordem é latente: “santificai-vos, porque amanhã o Senhor fará maravilhas no meio de vós”.
Se quisermos ver os milagres do passado tornando-se realidade nos dias hodiernos, urge que voltemos à prática da santidade e que dos nossos púlpitos ecoem mensagens que confrontem o pecado e que gerem uma desconformidade com o mundo nos corações dos que anseiam por viver mais perto de Deus.
O recado está dado! A decisão é somente sua! Vida de santidade e vitória? Ou vida pecaminosa e de derrota? Você decide!

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