quarta-feira, 27 de março de 2013

Não se Barganha Com um Deus Que Não Precisa de Você – D.A. Carson



Não se Barganha Com um Deus Que Não Precisa de Você – D.A. Carson 

“Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse.” (Atos 17.24-25)

Isso não é extraordinário? Deus não precisa de você. Ele certamente não precisa de mim. Ele não precisa de nossos grupos de louvor! Não é como se Deus chegasse à quinta-feira à tarde e comece a dizer: “Nossa, mal posso esperar até o domingo para eles arrasarem com as guitarras novamente! Estou me sentindo muito sozinho. Preciso de uma agitação aqui em cima.” Ele não precisa de nossa adoração. Ele não precisa de nosso dinheiro! Ele não precisa de nós! Não precisa de nada!
Na eternidade passada, antes que houvesse qualquer coisa, Deus era. E ele era inteiramente cheio de alegria e contentamento. E mesmo lá, ele já era um Deus de amor, pois, nas complexidades da unicidade de Deus, em categorias que veremos nesta série, o Pai amava o Filho! Chegarei a estas categorias. Havia uma alteridade dentro do próprio Deus! Ele não nos criou porque estava solitário e pensou: “Sabe, meu trabalho como Deus, seria um pouco mais palatável se eu fizesse um ou dois pra carregar minha imagem, que me bajulem de vez em quando.” Ele não precisa de nós.
Mas não me entenda mal. Isso não significa que ele não reage a nós. Que ele não se deleite em nós, que não se desagrade de nós. Não significa nada disso. Ele reage sim a nós. Mas ele reage não por causa de alguma necessidade intrínseca em seu próprio ser ou caráter. Mas ele responde a partir sua inteira volição de suas perfeições e vontade Não porque ele não prevê o futuro. Não porque ele deixou as coisas saírem do controle. Não porque abandonou sua soberania. Não porque ele não é soberano. Não porque ele tem um problema psicológico. Não porque ele precisa de alguma coisa. Mas por causa das perfeições de tudo o que ele é, características e atributos; ele responde sempre de acordo com seus atributos. O tempo todo. Ele nunca é menos que Deus.
Você consegue imaginar o quão difícil foi para Paulo conseguir apontar a cruz para um punhado de acadêmicos sofisticados cuja inteira noção de religião se baseava em “uma mão lava a outra”? E então, para ficar ainda mais complicado, Paulo adiciona outra linha: “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais.” Nós precisamos dele.
Isso também vem de Gênesis 1, 2 e 3. Vida, fôlego e tudo mais. Quando o Senhor Jesus estava vivo no início do primeiro século, ele ensinou que nenhum pardal cai do céu sem a autorização de Deus. Até mesmo os cabelos de sua cabeça são contados. Isso significa, em meu caso, que Deus está fazendo uma contagem muito rápida. E ele conhece todos. Até os que desaparecem. E toda vez que respiro, é com sua autorização. Paulo nos lembra. Precisamos dele para a vida, a respiração e tudo mais. Para comida. Para saúde. Eu sou uma criatura completamente dependente. Não sou o Criador.
Agora, como você terá um relacionamento com um Deus assim? Ele não é apenas um vovô molenga, e não é distante. Ele é tão soberano quanto os deístas querem, mas é muito mais pessoal. E ele não tem nenhuma necessidade. Você não tem nada para barganhar. De fato, a única razão pela qual você ainda está vivo é por causa de sua permissão. Semana passada, um de meus amigos que leciona em um seminário em Dallas, um bom homem, professor de Novo Testamento. Já escreveu livros importantes. Tem três filhos. Um é missionário na Sibéria, um é missionário na Rússia, e o outro é missionário no Afeganistão. Tinha saído para se exercitar. Chegou em casa, deitou-se e morreu. Não havia nada que ele pudesse fazer a respeito. Se seu coração continua batendo, é porque Deus permite. Se ele alguma vez disser: “Tolo, esta noite te pedirão sua alma,” você morre. Ou se ele disser: “Venha para casa, meu filho. Agora é a hora. Seu trabalho terminou,” você vai.
Como barganhar com um Deus assim? “Deus, eu… eu te dou 10%!” Ele é seu dono! Ele é dono da sua vida! Ele é dono do planeta inteiro! O que isso significa? “Senhor, vou me tornar missionário. Isso fará de mim uma pessoa melhor?” “Vou me tornar diácono na igreja.” Não, não. Há apenas uma maneira de ter um relacionamento com esse tipo de Deus. Se ele demonstrar graça soberana. Porque ele não deve nada a você. Você e eu somos rebeldes. E não temos nada para barganhar.

Por Don Carson. Copyright The Gospel Coalition, Inc. Original: The God Who is There: Part 3. The God Who Writes His Own Agreements
Tradução: Alan Cristie. Revisão: Vinícius Musselman Pimentel. Editora Fiel © Todos os direitos reservados. Original: Não se barganha com um Deus que não precisa de você – D.A. Carson [O Deus Presente 3/14]

terça-feira, 19 de março de 2013

Mensagem "Toalha, Bacia e Água" - Jo 13.4-8,14-17


Assistam essa mensagem que preguei no Templo Central da Assembleia de Deus em Florianópolis (SC) no dia 02 de Fevereiro de 2013.

A Tentação do Imediatismo


Somos uma geração ansiosa por resultados imediatos. Temos sido definidos como a geração “fast-food”. Ninguém quer perder tempo, afinal, tempo é dinheiro. Por isto temos dificuldade em esperar, queremos respostas rápidas e soluções ligeiras. Com facilidade, quando expostos a tentações encontramos enorme dificuldade para resistir, fomos ensinados a atender os desejos imediatamente. Vivemos uma espécie de tirania e absolutização dos desejos.

Até na nossa espiritualidade temos pressa. Queremos a benção sem pagar o preço. Somos atraídos a movimentos que prometem muito e exigem pouco, onde as coisas parecem acontecer de forma urgente. Vive-se uma atração irresistível em busca de gurus que possam “controlar o céu” e nos dar o que precisamos. Somos corroídos pela necessidade de satisfação imediata dos desejos.

Ninguém quer considerar o processo da espiritualidade. Jesus teve que passar pela cruz e pelas tentações insidiosas do maligno antes de ser glorificado. Considere as lutas de pessoas realmente santas: Horas de devoção, busca incessante, rendição, entrega, noites passadas em claro em busca de graça, verdadeiras batalhas na intercessão. Muitos hoje vivem em busca de lideres que prometem soluções imediatas com preço mínimo, e ao voltarem para casa descobrem que as lutas são vencidas diariamente e com perseverança, e não de forma mágica. Afinal, não existe almoço grátis!

Por causa de nosso imediatismo, sacrificamos consciência em resposta ao ganho fácil, aceitamos propinas em troca de conforto imediato, não queremos atrasar uma gratificação espiritual em troca de uma proposta que nos dê alivio no agora. Votos espirituais são sacrificados pelos simples desejo de satisfação imediata. Por causa desta atitude, e pela pressão do urgente, tomamos decisões sem avaliar as implicações. Fazemos pela urgência ou pela “opção mais fácil”, e em geral pagamos um preço muito caro. São pessoas que não conseguem resistir às compras, e entulham sua casa de sapatos desnecessários, roupas novas no guarda roupa já lotado, apesar do cartão de crédito estar estourado… Não conseguem resistir ao charme da mulher bonita, ainda que tenham que sacrificar sua fé, suas convicções morais e sua família. Gente que se entrega ao imediatismo sem avaliar as conseqüências que tais atitudes poderão trazer para sua vida familiar, moral e espiritual.

São pessoas que não conseguem esperar o tempo de Deus e assumem posições comprometedoras para sua vida, tornando-se espiritualmente desautorizadas. É o imediatismo destruidor que se esquece que a vida tem processos e é bom aguardar estes processos de Deus.

A Bíblia afirma peremptoriamente: "Peca quem é precipitado”, e ainda: “fazer sem refletir é loucura”.